Em um primeiro momento, a palavra crowdfunding pode parecer estranha, confusa e distante do nosso cotidiano. Porém, na verdade, essa é uma prática que está presente com muita frequência em várias áreas da sociedade, como saúde, negócios e esportes. De forma bem simples, crowdfunding é um financiamento coletivo em prol de um objetivo comum, ou seja, é quando um grupo de pessoas faz doações para que uma meta específica seja alcançada.
Há tempos, essa prática destaca-se como uma boa alternativa para auxiliar pessoas a alcançarem aqueles sonhos que, inicialmente, pareciam impossíveis. Em 2019, por exemplo, em grande fase após conquistar o acesso à Série A e vencer a Copa do Nordeste e o Estadual, o Fortaleza promoveu uma “vaquinha virtual” para arrecadar R$300 mil com o intuito de construir um núcleo técnico no seu centro de treinamento dentro do Centro de Excelência. O projeto funcionou e, desde então, a equipe vem alcançando feitos inéditos no futebol brasileiro.
Outras ações são mais simples, mas repletas de valor sentimental, como é o caso recentemente divulgado na mídia de um grupo de torcedores são-paulinos apaixonados, que buscaram levantar recursos para conseguir adquirir parte do letreiro da antiga fachada do “Morumbis”.
O futebol está repleto de cases assim. Vale citar também as iniciativas envolvendo o tradicional Independiente, da Argentina. Em 2023, Santiago Maratea, influenciador argentino e torcedor do clube, iniciou uma vaquinha virtual para ajudar a equipe a pagar suas dívidas que, naquele momento, segundo a imprensa local, estava na casa dos 20 milhões de dólares.
Aqui no Brasil temos ainda o exemplo do Botafogo, que lançou um crowdfunding para a construção do seu museu, que deve ter um custo inicial de R$ 18 milhões. Nessa ação específica, além de fazer a doação, os torcedores também têm direito a recompensas exclusivas.
Já para aqueles atletas de outros esportes que estão longe dos holofotes, o financiamento coletivo pode ser a oportunidade de conseguir manter uma rotina de treinamentos e seguir em busca de seus sonhos. Os gastos são muitos, como alimentação, suplementação, viagens, equipamentos e suporte profissional, como treinadores, nutricionistas e psicólogos. São despesas que, por diversas vezes, eles têm de arcar sozinhos, o que dificulta o processo, podendo fazer com que desistam do seu propósito. Logo, nesse cenário, é fundamental haver um apoio financeiro para que estes nomes, hoje “desconhecidos”, um dia possam brilhar em competições nacionais e internacionais.
Neste ano, o jornal Metrópoles abordou a situação de Ricardo Serpa, paratleta de corrida, que sonha em adquirir uma cadeira de carbono, equipamento que aumentaria de forma significativa a velocidade do atleta, se comparado ao desempenho que ele obtém com a cadeira de alumínio. Primeiro no ranking nacional em sua modalidade, Ricardo tem o objetivo de chegar aos Jogos Paralímpicos de Paris. Hoje, a vaquinha conta com R$5,4 mil arrecadados da meta de R$32 mil.
É justamente em meio a essa falta de apoio que o crowdfunding entra. Na Motbot, por exemplo, basta o atleta entrar no site da plataforma, criar um perfil, definindo o título do projeto, valor a ser arrecadado, estipular meta e prazo, e fazer uma breve descrição sobre o motivo que o levou a criar essa campanha de financiamento coletivo. De uma maneira fácil e intuitiva, abre-se mais uma possibilidade para levantar os recursos, com o diferencial de uma taxa de manutenção de 5%, a menor do mercado.
Na Motbot atuamos em três frentes: esportiva, financeira e social. Em nossa plataforma, o torcedor pode se cadastrar e incentivar diretamente os atletas de sua equipe em busca de resultados, ao escolher um de nossos times parceiros para apoiar financeiramente, garantindo que receberão esse valor caso o clube conquiste um resultado positivo. Se o time não obter êxito dentro de campo, o valor retorna para a conta do torcedor.
Além disso, a experiência torna-se mais interessante na medida em que sempre destinamos parte desse valor a instituições filantrópicas indicadas pelos clubes. Por fim, também possibilitamos que a equipe parceira capte recursos para diversos projetos através da plataforma, como reforma do estádio, melhorias no CT, troca de gramado, aquisição de equipamentos, entre outros.
Dentro de nossa atuação, destaco ainda alguns dos resultados que já obtivemos com os nossos mais de 20 clubes parceiros, como a arrecadação de mais de R$301 mil na plataforma com os primeiros deles: CRB (R$158.331), CSA (R$85.620) e Náutico (R$57.127) – somente nos primeiros meses de operação da empresa, em 2022. Já em 2023, a mobilização interessante em partidas de equipes de menor poderio financeiro contra clubes da Série A durante jogos decisivos da Copa do Brasil fez com que nos aproximamos de arrecadação de uma arrecadação total de R$ 1 milhão. Também já destinamos, desde 2022, mais de R$ 30 mil para instituições filantrópicas.
É inegável o poder do financiamento coletivo no esporte quando se tem um propósito bem definido. As possibilidades são infinitas e todos têm a ganhar. O que falta é conhecimento sobre o tema e coragem de dar o primeiro passo.
Rogério Neves, CEO da Motbot, startup de crowdfunding esportivo que beneficia clubes, atletas olímpicos e instituições de caridade