Com uma visão estratégica voltada para o fortalecimento da marca e o engajamento da torcida, a Portuguesa vem se destacando com uma reformulação significativa com o acesso para a Série D do Campeonato Brasileiro e para a primeira divisão do Campeonato Paulista.
Nessa entrevista exclusiva, tivemos o prazer de conversar com Armando Ferreira, o Vice-presidente de marketing da Portuguesa, que nos trará insights valiosos sobre os bastidores dessa transformação e os planos para o futuro do clube.
Como são as estruturas das equipes de marketing e de comunicação do clube hoje em dia?
O departamento de comunicação em marca da Portuguesa é um núcleo só, praticamente. Então nós temos dentro dos 2 departamentos cerca de 10 pessoas, contando comunicações, marketing e também a TV, onde a gente temos cinegrafista e uma repórter apresentadora.
A Portuguesa tem adotado uma postura mais descontraída nas redes sociais, mesclando alguns conteúdos que podem engajar. Qual a estrutura que o clube adota para para essa postura nova?
Isso vem da tendência atual do mercado, não é só trabalhar a informação para o torcedor, mas também o institucional e o branding, que é o algo que prezamos muito. Hoje é meio clichê falar, mas as redes sociais exigem muita diversidade. E nós temos pessoas especializadas nisso.
Nossa equipe conta com 3 social media que estão sempre atentos, seja numa brincadeira de meme ou em uma tendência do momento o que é importante. Então são essas 3 pessoas de redes sociais que incrementam as redes sociais da Portuguesa nesse sentido. Tudo que a gente conversa, é apresentado, só que eles têm a liberdade de trabalhar e trazer conteúdos novos e vejo que isso faz muita diferença.
Tem horas de brincar e tem momentos mais apropriados para falar uma coisa séria, mas eu acho que é importante ter essa integração das pessoas e da comunicação no geral.
De onde surgiu a ideia para começar a usar o Be Real, e como tem sido a interação da torcida com isso?
Estamos iniciando agora. É legal falar que nós somos o primeiro clube no Brasil a ter uma conta oficial no Be Real.
Eu vejo como mais uma plataforma voltada para entretenimento, onde você tem a informação, o institucional de uma forma mais descontraída, sendo assim, imagino que vai ser um sucesso mas, estamos só começando e com a vantagem de ser o precursor.
Como é que foi a aproximação de vocês com a Joma, a nova fornecedora de material esportivo?
Nós estávamos com a 1920 já fazia 3 anos (2021-23). E em 2023 aconteceu o primeiro contato da Joma com a Portuguesa, apenas uma sinalização: “Estou aqui”, eu respondi “estou aqui também, vamos bater um papo”.
Passou um tempo e voltamos a conversar, mas foi tudo muito rápido. Iniciamos as conversas definitivamente em Maio e assinamos o contrato em Julho. Ou seja, foi uma negociação rápida, porque nós queríamos entrar em 2024 com a camisa nova e com o material esportivo.
Foi um casamento. Eles procuravam um time no Brasil para voltar, porque a Joma está no SKA, se eu não me engano, mas é um outro tipo de contrato. Então eles precisavam de um time para realmente estar no Brasil e vieram procurar a Portuguesa.
O que a Joma ofereceu de diferencial para vocês deixarem de usar uma marca própria do clube para começar a usar Joma?
Na verdade, não é nem o que ela ofereceu, mas o que ela traz para a gente. Enquanto 1920, nós tivemos algumas propostas, propostas de marcas nacionais, maior ou menor, não importa. Só não era o momento ainda para trocar a 1920 por uma marca x ou y, nós optamos por ficar com a marca 1920, que é uma marca criada na casa e tem um carinho muito grande da torcida e que deu muito certo.
A Joma é uma marca, é um peso. Uma coisa que eu prezo muito na Portuguesa, é a marca Portuguesa, e eu acho que a Joma iria agregar muito nesse sentido. Então a gente optou sim abrir conversas e chegar no momento de decidir. Vamos interromper a 1920 por enquanto, por agora, devido a uma marca tão forte quanto é a Joma.
Não dava pra falar “não” naquele momento para a Joma, então não é nem o que ela trouxe de diferencial, o maior diferencial dela realmente é a marca, é o peso da marca que agrega com a nossa marca, do futebol da Portuguesa.
A 1920 segue fazendo peças casuais do clube. Em um futuro vocês pretendem fazer com que a Joma fabrique também essas peças casuais?
A 1920 continua realmente na Portuguesa, com camisetas, com camisa polo, coisa mais casual mesmo. A Joma, nesse primeiro momento, abasteceu muito a loja com tudo do enxoval do profissional. Então qualquer peça do profissional tem na loja. Sim, a Joma tem também a sua linha casual. É uma linha um pouco mais séria, diferente de uma camiseta, de uma coisa que você faz no Brasil, mas tem bastante coisa que vai ser trazida para cá.
Sobre o lançamento da nova camisa 3 que aborda uma pauta antirracista, qual foi a inspiração para a criação e como tem sido o feedback?
O feedback tem sido o melhor possível. Falo pela estética. Primeiro vai ser bem difícil você trazer uma terceira camisa, que agradou tanta torcida quanto essa, pois não houve rejeição nenhuma nem pela estética e nem pela causa. Então foi um sucesso absoluto.
A pauta, eu acho ela boa e super pertinente, porque os clubes normalmente só falam dela normalmente em novembro, quando tem o Dia da Consciência Negra. E foi por isso que a gente chegou a trazer ela agora. É uma coisa tão atual no cenário, não só do futebol, mas fora do futebol também, que até nosso ensaio ele tratou disso, com os depoimentos do Tico, do Ivair e do Badeco, que são os três personagens que nós usamos na campanha.
Acontece no futebol, mas acontece muito fora do futebol, onde ninguém vê, onde ninguém tem olhado pra isso. No futebol é muito fácil quando isso acontece, os holofotes se viram para aquilo, mas no dia a dia não. Então a nossa intenção foi essa, é lógico, nós somos um clube de futebol, nós estamos no futebol, é claro que o futebol vai dar muita visibilidade pro fato, mas a nossa intenção é realmente que a camisa ultrapasse o muro do Canindé, que vai pra rua também esse assunto. Estão rolando algumas parcerias com entidades próprias com o assunto, sabe fazer algumas coisas, como por exemplo, palestras para as categorias de base, que já estavam na nossa pauta.
Para fazer a camisa é lógico, tem estética, tem o branding, tem tudo isso, mas tem a causa e não é só fazer uma camisa. Então a gente fez a camisa e agora tá correndo atrás de outras coisas para poder fazer a respeito do assunto. É só um clube de futebol, é só a Portuguesa, mas acho que se cada um fizer um pouquinho, a causa vai pra outros lugares também.
A Joma que é responsável por desenhar as camisas ou é a própria Portuguesa?
A Joma tem os profissionais como qualquer Clube, só que no ano passado por exemplo e, acho que vai ser para sempre, a gente conversou em maio. Em julho, eu fui para a Espanha para assinar contrato e poder levar as camisas. As camisas sempre quem desenhava era o departamento de marketing, era eu e a nossa equipe, e continua sendo a Portuguesa que desenha. Então essas três camisas do ano passado, elas foram feitas exclusivamente por mim. A Joma nos dá liberdade pois conhecemos a torcida, então é em conjunto.
Em 2022 a gente viu uma terceira camisa da Adidas com a Portuguesa. Como que foi essa relação do clube com a marca e como foi esse primeiro contato?
É uma relação extremamente profissional, porque foi um projeto único que a Adidas fez, a coleção Alma. Então ele foi diferente, ali a Adidas precisava de clubes que eles tinham no briefing deles, e vieram até nós para poder participar daquele momento deles, então foi uma conversa super tranquila, muito rápida, porque a gente não tinha como negar fazer parte do projeto deles. Não daria para abrir mão disso. A gente trabalhou também, mas os maiores responsáveis foram o pessoal criativo da Adidas.
Agora que a Portuguesa está na principal série da do Campeonato Paulista, houve um crescimento no número de novos sócios no clube?
O Somos Lusa se mantém estável durante o ano inteiro e após o Paulista ficaremos três meses sem jogar. Tivemos um aumento de 30%, e desses 30% talvez 10% acabem saindo do programa agora, então está se mantendo ali o número dela. Não tem um aumento tão grande e nem uma diminuição tão grande no número de sócios.
Ela tem esse aumento que vai de acordo com o campeonato. Por exemplo, ano que vem a perspectiva é que aumente bem mais com o Campeonato Paulista, uma série D e possivelmente uma Copa do Brasil, então com certeza no ano que vem a ação dos sócios vai ser mais forte.
Como tem sido a busca da Portuguesa por novos patrocínios em meio a essa reformulação do clube?
Os patrocínios da Portuguesa são bem difíceis porque acabamos perdendo visibilidade no segundo semestre. A tua visibilidade existe porque hoje, mesmo com a Copa Paulista sendo um campeonato inferior, tem transmissão, tem intermédios que passam os jogos ao vivo, só que é lógico que a grande vitrine é o Campeonato Paulista, então você tem uma dificuldade de fechar patrocínios por esse motivo, e todo ano é uma briga. Acabando o campeonato, dentro de uma perspectiva melhor do ano que vem, queremos começar a pensar e planejar o que vai vir depois.
Os patrocínios deste ano estão fechados. Talvez a gente busque um novo patrocinador pro restante do ano. Lá para o final do ano começaremos a planejar e conversar com outros parceiros, desta vez tendo um calendário nacional para o ano inteiro. E aí você consegue melhorar os patrocinadores, melhorar os valores e a negociação fica mais fácil.
Com o acesso para a primeira divisão do Campeonato Paulista e para a Série D do Brasileiro, se tornou mais fácil a busca por patrocinadores?
Fechar patrocinador nunca é fácil, principalmente para um clube que não tá na vitrine como os quatro de São Paulo. Mas com certeza você tendo um maior calendário, você tendo maior visibilidade, eu consigo oferecer uma maior visibilidade.
É a demanda. Quanto mais visibilidade, mais campeonatos eu tiver participando, melhor eu consigo negociar com os parceiros, então nesse momento, os patrocínios sao voltados para a área do comércio, patrocinadores que buscam a rede da Portuguesa que é muito forte no comércio. Então, talvez ano que vem esses mesmos patrocinadores se interessem por nós com valores diferentes, ou a gente consiga realmente outros tipos de patrocinadores de um nível mais nacional.